18/03/2010>26/03/2010
Höhle
David Rosado
Ciclo 'Diálogos do Contemporâneo' [02], projecto comissariado por Patrícia Barreira
Vernissage: 18/04/2010 18.30h
Finissage: 26/04/2010 22.00h
[de 19 a 25 de Março visitas por marcação]
"O espaço não é onde as coisas acontecem; as coisas é que fazem o espaço acontecer."
Brian O’Doherty
"I realized that all values only exist in relationship to each other and that restriction to a single material is one-sided and small-minded. From this insight I formed Merz".
Kurt Schwitters
Extensão totalizadora do universo do artista e obsessivo repositório de objectos, o Merzbau foi criado a partir de 1920 por Kurt Schwitters e tornou-se durante 13 anos, até ter sido destruído pelo regime nazi, uma cidade utópica com categorizações próprias de sentido histórico e cultural: Niebelungen Cave, The Goethe Cave, The Cathedral of Erothic Mysery … Para a sua primeira exposição individual na NOGO, David Rosado converte o espaço da exposição num armazém, recuperando o conceito de cave, promovido por Schwitters, como um espaço místico, carregado de ressonâncias psicológicas para o relacionar com a questão de mercado artístico. O artista transpõe para o espaço tridimensional os fragmentos visuais dos trabalhos em tela onde, a partir de uma dialéctica de significados dos vários elementos diferentes entre si, potencia a atribuição de outras leituras e outros entendimentos à obra de arte. O espaço da obra converte-se ao mesmo tempo em universo pictórico do artista e armazém de coleccionador que transforma as obras que vai adquirindo em objectos abandonados. Serão objectos seculares as obras de arte colocadas fora da sala de exposição ou do atelier do artista? Será o espaço onde se situa a obra determinante para a atribuição de carácter de obra de arte ao objecto? Quais as transfigurações de significado do objecto artístico quando existe no espaço de um museu, no atelier ou no armazém de um coleccionador, largado ao esquecimento? (Texto: Patrícia Barreira, 2010).
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Algo escuro tapa a mente de um burguês contemporâneo que o impede de ver o que está à vista de todos (artistas). Ele compra por comprar, como se fossem 150 gramas de fiambre que pedimos num talho e não hesita em comprar o mais caro só porque é "Fiambre Gourmet - Pá", e à vista de todos o negócio será mais bem visto. Sempre lhe disseram para comprar Óleo sobre tela, que na pirâmide da arte, é o mais valioso. Depois do frenesim e da mostra aos amigos, farta-se e esconde-a num escuro recanto de armazém. Então sim ao abandono da vista e ao abandono da alma, as tais e milagrosas peças por quais o burguês contemporâneo tanto se debateu em adquirir, passam a ser sombras de poeira que se acumula dia-após-dia. Será esse recanto a beleza pela qual os objectos foram criados? [Texto de David Rosado]
Short Bio do Artista:
David Rosado (1976). Natural de Évora, vive e trabalha em Lisboa, Portugal. Conclui o curso de Artes Plásticas na Universidade de Évora em 2004, Pintura/Multimédia. Começa a expor os seus trabalhos em 1996, no Palácio D. Manuel em Évora. Das suas exposições individuais destacam-se: The Rebirth of Lazarus (Galeria Pedro Serrenho, Lisboa, 2009), High Speed (Carlos Carvalho Arte Contemporânea Zoom, Lisboa, 2008), De Profundis (galeria Sopro, Lisboa, 2007). Em relação às exposições colectivas podemos referir as realizadas no Palácio Galveias por ocasião do Prémio Ariane de Rothschild, com atribuição do 3º lugar (Lisboa, 2007), na galeria Voghera11, (Roland the Bucther Boy, Milão, Itália, 2009), (Porno Start, Milão, Itália, 2009), na galeria Pedro Torres (Red, Logroño, Espanha, 2008), “Museu do Esquecimento” Exposição na Sociedade Nacional de Belas Artes Lisboa, e a sua participação nas várias edições da Feira de Arte Contemporânea de Lisboa. Está representado em inúmeras colecções públicas e privadas com destaque para as seguintes: Colecção Banque Privée Ariane de Rothschild; Alcatel – Lucent, Portugal; Sousa Machado, Ferreira da Costa e Associados – Sociedade de Advogados, Lisboa. www.davidrosado.net/