NOGO | PROJECT-ROOM AND THINK-TANK FOR CONTEMPORARY ART AND ARCHITECTURE

WORKSHOP ECOLOGICAL URBANISM



TUTORES CONVIDADOS:
CARLOS ANTUNES (DARQ COIMBRA)
DAVID ARCHILLAS (ESAyT MADRID)
DIEGO GARCIA-SETIÉN (ESAyT MADRID)
DIMITRIS PAPANIKOLAOU (MIT- MASSACHUSETTS INSTITUTE OF TECHNOLOGY, EUA)
FILIPA ROSETA (FA-UTL, LISBOA)
HELENA FREITAS (JARDIM BOTÂNICO DE COIMBRA)
J.M. PEDREIRINHO (ARCA, COIMBRA)
JOANA MORAIS (ESAD, CALDAS DA RAINHA)
JOÃO BICHO (MODELMAK, LISBOA)
JOSUÉ ELIZIÁRIO (ISMAT, PORTIMÃO)
KIRILL DE LANCASTRE JEDENOV (UNIV. LUSÓFONA, LISBOA)
MARIA JOÃO MADEIRA RODRIGUES (PARQ, COIMBRA)
MARGARIDA LOURO (FA-UTL, LISBOA)
PEDRO DUARTE BENTO (NOGO, LISBOA)
SÉRGIO FAZENDA RODRIGUES (UNIVERSIDADE DOS AÇORES)
STEFANO RIVA (S. RIVA ARCHITETTO, LISBOA)
TIAGO MOTA SARAIVA (MOB, LISBOA)
ZENOVIA TOLOUDI (HARVARD GRADUATE SCHOOL OF DESIGN, EUA)

COORDENAÇÃO WORKSHOP
RICARDO CAMACHO (NOGO)
PEDRO COSTA (PARQ)
PEDRO LEMOS CORDEIRO (PARQ).




INTRODUÇÃO
‘Workshop Ecologic Urbanism’ lança aos alunos de arquitectura e design das universidades portuguesas o desafio de propôr e desenvolver o projecto expositivo ‘ECOLOGICAL URBANISM’ que tenha por base os conteúdos da exposição original de Harvard GSD, a que se adicionam trabalhos académicos do PARQ, Departamento de Arquitectura e Paisagem da Escola Universitária Vasco da Gama, Coimbra. Este workshop é um evento preparatório para a passagem da exposição ‘ECOLOGICAL URBANISM’ da Harvard GSD por Coimbra, Portugal, em Setembro de 2011, numa colaboração entre o PARQ e a NOGO.


PROGRAMA
O objectivo deste workshop é organizar a apresentação, instalação e impacto da exposição “Ecological Urbanism” no Jardim Botânico em Coimbra explorando a representação material desta, conteúdos, meios e incidentes sem qualquer obsessão de clarificar termos ou tipificar projectos, propostas e intervenções.
De modo a potenciar a referida oportunidade de testar e discutir modelos no Jardim Botânico, o evento “Ecological Urbanism” em Coimbra, distribuir-se-á em quatro ocasiões – uma provocação à cidade sob a forma de referendo ou instalação maior, uma exposição, cinco instalações no jardim e um ciclo de cinema. As quatro ocasiões multiplicar-se-ão por sua vez, por uma série acontecimentos e atracções de menor escala que, através de uma abordagem diversificadas, ora fortuita ora encenada, terão o intuito de confrontar um público mais abrangente.
O programa a que nos propomos assume a ambição de fomentar uma aproximação original e de impacto fácil entre publico e a paisagem urbana, entre locais e estudantes, e o seu património cultural e natural, entre arquitectos e paisagistas, entre as escolas e a cidade.
Esta abordagem tem por objectivo a reflexão de temas como a relação entre a ocupação humana e o território nas suas diversas ecologias de ligação entre Homem e natureza. Como também fornecer matéria crítica aos principais intervenientes do workshop e posterior processo de desenho e montagem da exposição (alunos e professores) bem como a todos os que nele se envolvam: políticos, investidores e profissionais, públicos ou privados.
O programa de trabalhos deste workshop, com a presença de 10 tutores da PARQ e 21 convidados, divide-se em 8 temas:

1. INTERACT/// a Cidade e os seus!
Patrícia Miguel (PARQ) /// Carlos Antunes (PARQ) /// João Branco (NOGO)

2. ADAPT/// Entrada /// Exposição formal /// Urban Earth video
Nuno Soares (PARQ) /// Pedro Costa (PARQ) /// Pedro Duarte Bento (NOGO) 

3. PRODUCE/// Paisagens Urbanas Produtivas
Alice Faria (PARQ) /// Diego Garcia-Setién (ESAyT Madrid) /// J.M. Pedreirinho (ARCA)

4. CURATE/// Curadoria de Recursos
Miguel Pinheiro (PARQ) /// Josué Eliziário (ISMAT)

5. MOBILIZE/// Mobilidade, Infra-Estrutura, Energia
Marília Torres (PARQ) /// Dimitris Papanikolaou (MIT, MediaLab) /// Ricardo Camacho (NOGO)

6. MEASURE/// Medição
António Oliveira (PARQ) /// Pedro Cordeiro (PARQ) /// David Archillas (ESAyT Madrid) 

7. INCUBATE /// Ecologia, Engenharia e Tecnologia
Joana Ferreira (PARQ) /// Osvaldo Sousa (NOGO) /// Zenovia Toloudi (Harvard GSD)

8. COLLABORATE /// Percurso
Ana Lemos (PARQ) /// Tiago Mota Saraiva (MOB) /// Rui Vargas (NOGO)

Os restantes convidados participam das apresentações intermédias no dia 27 à tarde e das apresentações finais durante todo o dia 29:

Dia 27:
Kirill de Lancastre Jedenov (LUSOFONA)
Joana Morais (ESAD)
Stefano Riva (SRIVA)

Dia 29:
Abdulataif Almishari (KU)
Carlos Antunes (DARQ)
Filipa Roseta (FA-UTL)
Helena Freitas (UC)
Margarida Louro (FA-UTL)
Maria João Madeira Rodrigues (PARQ)
Sara Machado (STROOP)
Sérgio Fazenda Rodrigues (U. AÇORES)



Mais fotos aqui.


Este WORKSHOP 
não assume a pretensão de um “urbanismo ecológico” mas sim a compreensão das ecologias do urbanismo e de que forma estas afectam e informam metodologias e processos de discussão e decisão do espaço urbano, entre arquitectos, urbanistas e paisagistas.

Ao tomar como tema central a curadoria e desenho da exposição itinerante, denominada “Ecological Urbanism”, organizada pela Graduate School of Design da Harvard University, a instalar no Jardim Botânico de Coimbra, o workshop remete para o Vale do Mondego uma discussão fundamental para a pratica e educação da arquitectura, urbanismo e paisagismo no inicio do século XXI: a arquitectura como projecto individual, da autoria ao ego, ou enquanto proposta de um bem comum, da constituição à regulamentação. Tema que Rem Koolhaas lança em Manhattan(1972) e Ai Weiwei legitima em Ordos, Mongólia Interior, China(2008).

A resposta ao desafio é calibrada por cinco campos de selecção, observação e intervenção: Paisagens Urbanas Produtivas; Curadoria de Recursos; Mobilidade, Infra-estrutura e Energia; Medição; Ecologia, Engenharia e Tecnologia.

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OS TEMAS
Entre arquitectos e arquitectos paisagistas (alunos e professores) do Portugal contemporâneo a noção de paisagem urbana contínua na sua origem pictórica. No entanto é do senso comum que os processos de (trans)formação da paisagem são líquidos em escala e portanto fluidos na sua abordagem disciplinar.

O Departamento de Arquitectura e Arquitectura Paisagista da Escola Universitária Vasco da Gama (PARQ) procurou ao longo do segundo semestre deste ano lectivo, em cadeiras mistas de atelier de arquitectura e arquitectura paisagista, desmontar o dito principio adquirido! O corpo de trabalho realizado por alunos, professores e críticos da NOGO, ao longo do semestre tentou encontrar as repostas ao desafio lançado pelo projecto expositivo “Ecological Urbanism” da HarvardGSD para além da estética humana, identificando e caracterizando no Jardim Botânico de Coimbra, ecologias de negociação entre o artifício e o natural.

O resultado deste trabalho preparatório para o workshop lançou as dez intervenções/temas propostos. Cada tema será desenvolvido em grupos de trabalho coordenados por um conjunto de dois tutores (um tutor PARQ e um outro convidado) que deverão em quatro dias desenvolver estratégias de acção possíveis de implementar aquando da exposição, a inaugurar em Setembro de 2011. Os alunos provenientes das oito escolas serão distribuídos por sorteio nos diferentes grupos: cada aluno será colocado de acordo com a sua lista de preferências pela ordem sorteada.

1. INTERACT/// a Cidade e os seus! 
O arquitecto, urbanista e paisagista, não é mais o regente da cidade e uma abordagem ecológica implica a participação de todos os indivíduos e identidades. No espaço urbano contemporâneo interagem ecologias/processos que ultrapassam largamente a escala da cidade física e dos seus controladores político/administrativos.
Aceitar a interferência de outras formas de produção e representação na discussão da cidade, possibilita a arquitectos, urbanistas e paisagistas olhar para esta enquanto meio construído e não apenas como um conjunto seccionado de objectos, casos, tipologias, usos e programas. Um reconhecimento interno, articulado e detalhado deste meio torna visíveis os indivíduos e identidades que formam a cidade, desmontando a imagem pictórica da cidade que se constrói para ser vista.
O resultado desta reflexão no contexto deste grupo de trabalho deverá manifestar-se na concepção de estratégicas de interacção localizadas pela cidade: performances participadas pela sociedade civil, como recolha de propostas do público, referendos ou discussões.

2. ADAPT/// Entrada /// Exposição Formal /// Urban Earth video-room
///Entrada, entre Aqueduto e Calçada:
O Urbanismo compreende um conjunto de pormenores e detalhes de escala menor – o mosaico, com que Richard T.T. Forman descreve a paisagem urbana e rural - com limites sobrepostos e imprecisos. A aproximação ao Jardim Botânico é disso um paradigma: a Calçada Martin de Freitas com o Aqueduto de São Sebatião que esconde o convento beneditino e nos leva da “rotunda” João Paulo II à praça D.Dinis das universidades - do panóptico (prisão) à cabra (torre da universidade). Na extensão do tema anterior a cidade imediata ao parque deverá antecipar a chegada á exposição. Pretende-se com aqui desenhar a entrada ou anúncio da exposição através de uma instalação ao sinal que a comunica diante da calçada/aqueduto atraindo os transeuntes que por ali passam entre a rotunda do papa e a praça do rei! Esta acção ou conjunto deverá não só anunciar a entrada mas também o debate e tema do “Ecological Urbanism”, o seu lugar e tempo de permanência em Coimbra.
///A Exposição formal:
A exposição formal “Ecological Urbanism” deverá ocupar o corredor central do Piso 0 do Dept. de Botânica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, que serve de circulação e distribuição entre os diferentes usos Convento Beneditino, como a Biblioteca do Jardim, o herbário, o Museu Botânico e os laboratórios de ensino e investigação do Departamento de Botânico. Consiste na exibição de 40 projectos ou provocações que pretendem desafiar a relação entre ecologia e cidade. O material a expor usa de sistemas de representação gráfica e ocupa uma área de exibição em painel mural de 223,00m2. O layout do material exposto deverá ser desenhado após o workshop onde se pretende encontrar uma estratégia de exibição que deverá considerar a interacção entre espaços como a entrada, a cafetaria, as instalações sanitárias, as diversas facilidades em funcionamento no edifício e o acesso ao Jardim.
///Urban Earth vídeo room:
A exposição formal, para além do corredor do convento com o material em exibição, deverá acomodar uma sala de projecção com 1 a 4 monitores para a exibição de vídeos e filmes, com uma capacidade mínima de 5 a 10 pessoas. Os conteúdos da exposição “Ecological Urbanism” compreendem 4 vídeos do projecto Urban Earth da autoria de Daniel Raven-Ellison. Este grupo deverá procurar este espaço e desenhá-lo.
URBAN EARTH é um projecto de re(a)presentação do nosso habitat através de travessias pedonais por algumas das maiores áreas urbanas da Terra. Os media distorcem a forma como vemos o(s) nosso(s) mundo(s) com imagens estereotipadas que enfatizam os lugares mais extremos. URBAN EARTH tenta expor as nossas cidades, da Cidade do Mexico, Cairo, passando por Bombaim a Londres ou Tóquio, realmente como elas são, longe das influências e motivações dos interesses comerciais. URBAN EARTH é um movimento a aberto a qualquer pessoa – basta encontrar uma área urbana e percorre-la pedonalmente. URBAN EARTH é uma oportunidade para aventura, exploração, liberdade, activismo comunitário e diálogo. URBAN EARTH não é sobre a descoberta de rotas turísticas ou a exploração dos lugares mais extremos; é sobre a descoberta da normalidade.

3. PRODUCE/// Paisagens Urbanas Produtivas
O Urbanismo comporta emissão de carbono, consumo de energia e produção de recursos que ultrapassam em ampla escala os limites físicos da cidade. A cidade contemporânea aspira emissões de carbono reduzidas, um consumo de energia eficiente e uma gestão mais eficiente dos seus recursos humanos e materiais.
As diferentes fases de urbanização de uma cidade conferem-lhe uma singularidade que torna difícil a implementação ou identificação de soluções formais para reduzir emissões de carbono e consumo de energia. O desafio em cada cidade é o de encontrar na sua infra-estrutura os protótipos e técnicas, as oportunidades, que podem determinar mudanças de percepção e comportamento nos constituintes, da multidão de Ellias Canetti à percepção de John Wheeler.
Qual o potencial das cidades para aumentar a produção de energia, alimentação e saúde publica? E o Jardim Botânico? qual a capacidade deste para produzir energia e alimentação?
A resposta a estas questões deverá compreender uma instalação localizada que permita a compreensão do tema considerando os valores disponíveis para a execução do mesmo, bem como as condições climatéricas expectáveis para os meses de Setembro e Outubro e a durabilidade da mesma por período de tempo superior a dois meses.
Este tema compreende na exposição formal os seguintes momentos :
Neutral Video (x1) // Urban Earth Videos (x5)// Richard Forman’s “Urban Regions” maps (x39)// Urban Regions book (x1)// Work AC maps/book (x49)// Fallen Fruit Maps (x5)// Bill Rankin Maps (x2) // SoA Vertical Farm (TBD)

4. CURATE/// Curadoria de Recursos
A gestão e desenho de recursos como a água, lixo, ar e luz natural preservam hoje os critérios, hierarquias e directrizes do urbanismo do inicio do século XX. O desenho e gestão da infra-estrutura urbana respondem ainda hoje a necessidades higienistas nem sempre motivados ou explicadas pela ciência mas muitas vezes hierarquizadas por um certo sentido de estética humana.
A água, o lixo, o ar ou a luz de uma cidade deverão ser hoje radicalmente pensados. O recurso ao método curatorial é sugestivo do papel da selecção e síntese do desenho na gestão de recursos.
Este tema serve de argumento à conceptualização de uma instalação localizada que promova a importância do desenho da cidade na identificação/interpretação, selecção e gestão de recursos. Esta instalação tem de considerar os valores disponíveis para a execução da mesma, bem como as condições climatéricas expectáveis para os meses de Setembro e Outubro e a durabilidade por período de tempo superior a dois meses.
Este tema compreende na exposição formal os seguintes momentos :
Dale Joachim (TBD)// Terreform (TBD)// Arizona Water Project (TBD)// Herbert Dreiseitl

5. MOBILIZE/// Mobilidade, Infra-Estrutura, Energia
A navegação de cada indivíduo ou identidade no espaço urbano promove o desenho de infra-estrutura e o consumo/produção de energia. A interacção entre elementos promove a definição de sistemas ou modelos de mobilidade que estabelecem as relações visibilidade entre a cidade e quem a percorre.
Num contexto local é hoje amplamente discutida a definição ou não de novos modelos (o troleicarro e metro de superfície) para a cidade de Coimbra. De que forma puderam estas decisões afectar o futuro da cidade e a sustentabilidade e eficiência da dita subúrbia-jardim que Etienne de Gröer implementou em Coimbra, diluindo limites entre o espaço rural do Mondego e o espaço urbano periférico de baixa densidade.
Numa cidade de transportes eléctricos que potencial existe para a experimentação de novos modelos? E novos combustíveis? Como e Quais as infra-estruturas que os irão suportar? A resposta a estas questões compreende uma instalação de base localizada mas de alcance maior, considerando valores disponíveis para execução, condições climatéricas expectáveis para os meses de Setembro e Outubro e a durabilidade da mesma por período de tempo superior a dois meses.
Este tema compreende na exposição formal os seguintes momentos :
SENSEAble City (TBD)// Smart City (TBD) – scooter and bicycle.

6. MEASURE/// Medição
Que materiais e tecnologias alternativos irão tornar o urbanismo sustentável? Que materiais comportaram a capacidade de adaptar e construir cidade no futuro? De que forma é essa sustentabilidade medida?
Em Coimbra, diferentes formas de fazer e resolver problemas específicos produzem formas e imagens híbridas e alternativas. Estas formas quando associadas à capacidade de resolver em curto espaço e tempo, por razões diversas – ou porque sou estudante e não vou lá estar toda a minha vida, ou porque não preciso mais do que uma cama e mesa, ou a topografia não me dá o espaço para me expandir – confere a capacidade de medir e encontrar a escala e proporção entre objecto e o indivíduo. Os dois constroem uma espécie de “proposição maquinada” em que cada um se constrói no outro: “ instrumento de uso- manual, boca-peito, face-paisagem” – “há todo um sistema horizontal de reterritorializações complementares, entre a mão e o instrumento, entre a boca e o peito, entre a face e a paisagem” (Deleuze Guatarri, A Thousand Plateaus, 7.Year Zero).
A história e cultura da matéria e do processo material envolvido na construção e transformação do Jardim Botânico demonstram a capacidade da cidade em combinar novas coisas e novos espaços. No Jardim a possibilidade de um novo espaço público permite a remasterização da cidade de Braunio (Olissipo, 1575) a Nolli (Roma, 1748). O resultado desta deve tomar a forma de instalação localizada considerando valores disponíveis para execução, condições climatéricas expectáveis para os meses de Setembro e Outubro e a durabilidade da mesma por período de tempo superior a dois meses.
Este tema compreende na exposição formal os seguintes momentos :
Soft City - Sheila Kennedy// Materials Collection and Liat Margolis (?)// Sissel Tolaas – “TALKING NOSE_Mexico City” - The Smells; The Film; The Language; The Presentation.

7. INCUBATE /// Ecologia, Engenharia e Tecnologia
Olhar para o PlanIT Valley, Masdar City ou para as operações de requalificação e reabilitação decorrentes do programa Polis em Coimbra, suscita um das questões fundamentais á discussão do futuro da relação entre arquitectos, engenharia, ecologia e tecnologia: Que cidade teremos nós no futuro e de que forma se iram interpor estes personagens.
A contradição entre o controlo individual por imposição ou imposto por e a proliferação/reconfiguração actual de múltiplos meios de suporte da realidade determinam a construção contemporânea de “scape”, segundo Kraus. Instabilidade, que configura hoje a possibilidade em redefinir disciplinas e a relação entre estas.
As técnicas de representação que emergem de relações entre a arquitectura e a biologia, como a cidade vegetal de Luc Schuiten, ou entre urbanismo e realidade artificial, como no PlanIT Valley-Paredes, são a oportunidade para a construção de uma instalação localizada, no Jardim Botânico capaz de destabilizar os pares traumáticos de obra/arquitecto; jardim/arquitecto paisagista; Plano Urbano/urbanista. A instalação deve considerar valores disponíveis para execução, condições climatéricas expectáveis para os meses de Setembro e Outubro e a durabilidade da mesma por período de tempo superior a dois meses.
Este tema compreende na exposição formal os seguintes momentos :
Chora, Taiwan Strait Climate Change Incubator// Arup Wanzhuang Agricultural City// Masdar model// Arup videos of how the Future City will look (x2 and possibly x3).

8. COLLABORATE /// Percurso
Percursos devem estabelecer a relação entre a exposição formal, as cinco distintas instalações e possibilitar uma série acontecimentos e atracções de menor escala que, através de uma abordagem diversificadas, ora fortuita ora encenada, terão o intuito de confrontar um público mais abrangente.
Esta estratégia que articula e interliga estes diferentes momentos deverá resultar numa soma dinâmica de diferentes e diversos que melhor responda às características do Jardim. A resposta a esta proposta deverá combinar a especificidade dos diferentes espaços e objectos do Jardim existentes com a indeterminação programática das instalações e eventos a tomar lugar durante os meses de Setembro e Outubro.
No entanto o espaço em que decorre o evento deverá também acomodar ritmos mais lentos onde hábitos do quotidiano podem repetidamente assumir um papel, construir uma narrativa que tal como Wim Wenders diz, protege os seus próprios protagonistas. È uma oportunidade para explorar formas de servir diferentes públicos, e especialmente os ciclos de permanência temporária e de curta duração que caracterizam a ocupação de um espaço como o Jardim.

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EXPOSIÇÃO
A exposição “Ecological Urbanism” consiste na exibição de uma serie de projectos, provocações e instalações localizadas que pretendem desafiar a relação entre ecologia e cidade. O evento “Ecological Urbanism” é uma iniciativa do Dean Mohsen Mostafavi da Harvard Graduate School of Design, que para alem da exposição (agora em itinerância) na Gund Hall Gallery da Harvard University, organizou em Abril de 2009 uma conferência com a presença de nomes como Rem Koolhaas (OMA); Homi K. Bhabha (Harvard Humanities Center); Charles Waldheim (HarvardGSD); Bruno Latour (SciencesPo,Paris); William J. Mitchell(MIT); Pierre de Meuron (HdM); Jaques Herzog (HdM); Andrea Branzi (Politecnico di Milano); Iñaki Ábalos (HarvardGSD); Andrés Duany; Richard T.T. Forman (Harvard); Stefano Boeri (Arbitare); Antoine Picon (HarvardGSD); Martha Schwartz (HarvardGSD); Matthias Schuler (Transsolar); Sanford Kwinter (HarvardGSD). Em 2010 lançou o livro com o mesmo nome, publicado pela Lars Müller Publishers. A exposição “Ecological Urbanism” pretende discutir as implicações de uma ideia de cidade ecológica, na prática e educação de arquitectura, urbanismo e paisagismo, desmontando noções pré assumidas de que ecologia e sustentabilidade implicam regressão na condição humana e restrições na acção e relação entre estas disciplinas.
A recente obsessão pelo tema das transformações climáticas monopoliza o argumento e motivação de uma denominada nova vaga na produção arquitectónica e urbana entre arquitectura sustentável e as tecnologias verdes. No entanto a discussão em torno da sustentabilidade da cidade e paisagem é menosprezada por arquitectos e escolas de arquitectura. A exposição “Ecological Urbanism” responde á urgência de uma abordagem responsável e consciente que ajusta e adapta as cidades existentes e constitui o princípio organizador de novas cidades.

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PORQUÊ EM COIMBRA
Entre a urbanidade de uma alta de hospitais, jardins, prisão, universidade e república(s) e a baixa da queima das fitas, da meia dúzia de restaurantes, dos transportes de (b) a (a) e de um centro histórico com os problemas de outros, o Jardim Botânico é hoje uma espécie de oportunidade em Coimbra. No entanto, nós os arquitectos, urbanistas, paisagistas, geógrafos, políticos, engenheiros ou mesmo os construtores, tal como a dita colecção de indivíduos vestidos de preto, temos dificuldade em entender o que significa este espaço e qual o seu futuro. Em outras palavras, não temos qualquer teoria acerca do assunto, digo eu. A maioria de nós que aqui "faz coisas" vive confiante da sua habilidade em reconhecer os incidentes ou problemas e em evitá-los ou programá-los entre demolições, tapumes e gruas.

Contrariando o modelo de crescimento, anunciado na década de 1940 da subúrbia-jardim para Coimbra por Etienne de Gröer, a diversidade de adaptações e ajustes da cidade-universidade coloca-nos perante um território fértil ao estudo das relações entre a transformação da paisagem e diversas construções modernas, onde se incluem a identidade, a infra-estrutura, a mobilidade, a produção urbana, o autêntico, o natural, o lazer e o prazer.

Em Coimbra, a sobreposição de adventos entre uma ocupação inconstante (população estudante, programa de usos e ocupação) e a ambição emergente por um “urbanismo mais ecológico” ou reformador (intervir, reabilitar, requalificar, preservar, conservar,...), incrementa a responsabilidade de arquitectos, urbanistas e paisagistas na mediação de conflitos há muito experimentados. A particularidade da relação entre topografia, ocupação, uso e programa da cidade caracteriza a especificidade dos seus sistemas de mobilidade: rio, ruas, muros, elevadores, escadarias e jardins - geram unidades de paisagem urbana seccionarias. Neste contexto o Jardim Botânico estabelece o paradigma, partilhando a oportunidade de questionar metodologias e estratégias de abordagem ao fenómeno urbano.

Ricardo Camacho
(HarvardGSD Alumni e Curador NOGO para Arquitectura)

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PORQUÊ NÓS ARQUITECTOS E EDUCADORES
Para o arquitecto em geral, o processo de criação inicia-se no estímulo que é a base para a resolução de um problema, de um desejo convertido em ideia para uma resposta convertida em projecto. A actividade da generalidade dos ateliers em Portugal e no mundo resulta sobretudo numa análise territorial que confia nas satisfatórias qualidades de alguém para entender, mais ou menos, empiricamente os problemas que se colocam – e assim se constrói o mito.
No contexto pedagógico do Ecological Urbanism pensa-se que a qualidade de intervenção ou resposta a um problema dependerá, antes de mais, da capacidade de análise dos seus intervenientes. Não se pretende construir uma fórmula de análise ou mesmo uma listagem de procedimentos básicos.

Com mais ou menos qualidade, o ensino da arquitectura tem indicado três grandes temas de análise a considerar para o desenvolvimento de uma proposta de intervenção no território: o programa, o lugar e envolvente. O programa enquanto orientação funcional e operativa, o lugar enquanto referencial (físico, histórico, etc.) para um enquadramento da uma futura proposta assim como a envolvente, embora com carácter mais amplo e menos directo (cidade - volumetrias, campo - topografia, etc.).

Acontece que os arquitectos são homens e como tal, as suas interpretações, peso e medida, são diversas e quantas vezes incompatíveis. Deste modo, pretende-se alertar para a necessidade do ensino da arquitectura considerar o processo de análise como a chave para a sustentabilidade do exercício da profissão, com consequências decisivas para o seu futuro assim como o do planeta.
Encaremos, pois, a intuição ou o estímulo de cada um para encontrar problemas, mais do que para simplificar soluções. O exercício de análise torna-se o único capaz de encontrar o sentido abrangente de uma resposta.

Pretende-se que através de uma estrutura metodológica de análise, encontrada de exercício para exercício, possamos permitir ao ensino da arquitectura desviar-se do caminho da aleatoriedade, tantas vezes negligente. Não significa porém, bem pelo contrário, que não se considere relevante o factor pessoal, individual.

A sensibilidade deve estar ao serviço da interpretação e da capacidade de esclarecer problemas, pois só a sua complexidade poderá suscitar essa descoberta. Confia-se na sensibilidade de cada um, mais do que na razão de cada um, por isso, a necessidade de reforçar uma metodologia de análise que não deixe à deriva as orientações para o futuro.

Fiódor Dostoiévski diz-nos que «a razão é individual e apenas sabe aquilo que teve tempo de aprender e que pelo contrário a natureza humana funciona colectivamente, consciente e inconscientemente». 

A racionalidade é uma construção abstracta, devemos faze-lo com critério e responsabilidade, e tudo mais é o vento que leva.
Em suma, o método consiste grosso-modo no uso de uma análise estruturada assente numa metodologia adaptável a cada objecto de estudo. Não é o resultado do exercício que é fundamental questionar mas as premissas ou os critérios e hierarquias de análise escolhidas. Confia-se na intuição para as iniciativas assim como nos instrumentos cartesianos para a análise.
Parece claro que critérios eco fazem já parte do exercício profissional da arquitectura e urbanismo, com intensidades diversificadas dependendo dos lugares e das suas urgências. Tornaram-se até em alguns casos uma condição de programa, mas compreender os desígnios da natureza não visa somente e a longo prazo cuidar da sobrevivência de uma civilização, mas apreender desta métodos e técnicas que nos permitam viver sem comprometer o equilíbrio do eco-sistema em que vivemos. Para isso exige-se uma complexidade e um saber transdisciplinar que permita que todas as frentes sejam tomadas como fundamentais, para dar lugar a uma consciência mais alargada e sobretudo mais responsável.

Pedro Lemos Cordeiro
(PARQ)

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